How come I end up where I startedHow come I end up where I went wrongDon't take your eyes off the ball againYou reel me out then you cut the stringÉ sempre um acontecimento o lançamento de um álbum do Radiohead. E é sempre esperado que se superem, que façam mais e melhor do que aquilo que deixaram para trás. Depois de entregarem duas obras-primas, The Bends e OK Computer , das experimentações, delírios e viagens de Kid A e de Amnesiac e das mensagens politizadas de Hail to the Thief , o Radiohead consegue marcar novamente. Não é este o melhor álbum da banda, mas está bem longe de ser o desastre que muitos esperavam. In Rainbows é um bom álbum de uma banda que habituou o público a discos muito acima da média.
É o sétimo álbum do Radiohead e o primeiro que lançam sem uma gravadora por trás. A liberdade trouxe uma coleção de músicas com vida própria, que podem perfeitamente viver independentes umas das outras. In Rainbows é também o primeiro registro da banda depois de Thom Yorke mandar The Eraser , a sua estreia a solo. Podendo (ou não) ser uma reação à linha mais eletronica do disco de Yorke (e dos últimos discos da banda), In Rainbows deixa os instrumentos respirarem, agirem e gritarem: há guitarras fortes em Bodysnatchers, bateria suave em Nude, guitarras ondulantes em Reckoner. A melancólica voz de Yorke também respira melhor, passeia por ambientes menos claustrofóbicos, cresce e transfigura-se em cada música. 15 Step abre o disco de modo euforico – é provavelmente a peça que menos encaixa em In Rainbows , sem que isto seja um aspecto negativo – mas o álbum atinge o ponto mais alto com os belos, apaixonados, intensos e etéreos momentos de All I Need, House of Cards e Videotape, o inquietante tema de encerramento.
Quando visto como um todo, o álbum não convencerá os mais exigentes, mas cada canção é uma surpresa pronta a ser descoberta. E é assim que faz sentido, é assim que funciona, é assim que tem que ser. In Rainbows não é um bom álbum, é antes disso uma belíssima coleção de canções. Continuam a ter talento abundante, continuam a saber o que querem e a mostrar que estão bem focados. Continuando assim, o Radiohead vai continuar uma das melhores bandas deste século, como foram do anterior. Se não revolucionam o som, revolucionam o mercado.
O grande lance está na percepção de que o disco - como o conhecemos hoje - está quase com os dias contados. Não importa se grandes quantidades de informação se perdem ao ouvir apenas o mp3, o lucro de um artista não passa mais pela venda de discos. Shows sempre foram a grande fonte de renda dos artistas. Agora, num mundo em que a Internet assume um papel cada vez mais decisivo, é preciso a percepção de algum visionário que consiga traduzir uma procura massiva por uma obra artistica a partir de sua disponibilização digital em dinheiro e alternativas que não anulem direitos autorais e propriedade intelectual.
Será o Radiohead o visionário pai desse futuro?
Faixas que recomendo: Todas. Em qualquer ordem. Repetidas vezes.
Faixas do Álbum:
1. "15 Step" - 3:57
2. "Bodysnatchers" - 4:02
3. "Nude" - 4:15
4. "Weird Fishes/Arpeggi" - 5:18
5. "All I Need" - 3:48
6. "Faust Arp" - 2:09
7. "Reckoner" - 4:50
8. "House of Cards" - 5:28
9. "Jigsaw Falling into Place" - 4:09
10. "Videotape" - 4:39